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ĀCĀRYOPĀSANAṀ, Serviço ao professor
Simão Monteiro
06-05-2013


Literalmente a palavra ācāryopāsanaṁ significa meditação (upāsanaṁ) sobre o professor (ācārya). Serviço, entrega e reverência ao professor são também sinónimos de ācāryopāsanaṁ, e este é o sentido que Kṛṣṇa dá ao termo quando o ensina a Arjuna.
Segundo a tradição védica, qualquer professor, de qualquer campo de conhecimento, deve ser valorizado e respeitado. E muito mais um professor de Vedānta, por duas razões:

1) Reverenciamos o professor como os śāstras, as escrituras.

Como estudantes de Vedānta, o nosso principal objectivo na vida é o autoconhecimento, sabermos quem somos, o que é ātmā, o Eu. Ātmā não está disponível para ser conhecido através dos órgãos dos sentidos porque ātmā é o próprio sujeito por detrás dos órgãos dos sentidos. Ele é aquele que observa, que testemunha, que permitepela sua simples presença, que tudo seja conhecido. Não pode ser conhecido através dos órgãos dos sentidos, não pode ser experimentado, pois nesse caso perderia a qualidade de sujeito para passar a ser objecto. Nem a ciência nem a meditação são meios de conhecimento para ātmā. Mesmo quando fazemos a meditação de assimilação, conhecida como nididhyāsanam, apenas lembramos e aplicamos aquilo que aprendemos durante o período de śravanam e mananam.

Desta forma, precisamos das escrituras, cujas palavras funcionarão como um espelho que nos revelará a nossa natureza real. Em Vedānta não experienciamos nem queremos experienciar ātmā, porque já somos ātmā. Assim, o método de ensino tem que ser de tal forma que não nos deixemos cair nesta busca por uma experiência de ātmā. Nós já somos aquilo que buscamos. Por isso mesmo precisamos de um professor, de um guru (literalmente aquele que remove a escuridão, a ignorância) que nos guie, um guia externo que saiba manejar as palavras dos śāstras, para que consigamos perceber o seu ensinamento, sem dúvidas. O śāstra torna-se num meio de conhecimento capaz de revelar a verdade apenas quando é manejado por um ācārya. O professor torna-se tão importante como as escrituras e é por essa razão que o estudante reverencia o professor tal como reverencia o ensinamento.


2 - Reverenciamos o guru como Īśvara, o Todo.

Se todos somos Īśvara, qual a diferença entre o guru e as outras pessoas? Nas outras pessoas, a ignorância não as permite perceber que são Īśvara. No caso do guru, este já removeu toda a ignorância acerca de si mesmo. Assim, olhamos para o guru como Īśvara. Ācārya upāsanaṁ e Īśvara upāsanaṁ são semelhantes.
Esta reverência ao professor e consequente atitude de entrega e de serviço não significa uma submissão cega. Quando, humildemente reverenciamos e nos entregamos ao professor, com o objectivo de recebermos o seu ensinamento, devemos primeiro confirmar se esse professor é genuíno. O professor genuíno é aquele que tem um conhecimento firme e claro da verdade sobre si mesmo e que vive aquilo que ensina.
Este professor não necessita de nada. Ele já é livre e independente. Sendo independente, não depende do serviço do aluno. Só nesta condição poderemos entregar-nos por completo ao professor, sem medo de sermos explorados.
Mais do que acções em serviço do professor, ācāryopāsanaṁ é uma atitude, uma disposição para servir. Interiormente estamos prontos para realizar qualquer serviço, com vontade e alegria, pois sabemos que o único beneficiário de tal serviço somos nós mesmos. O resultado de ācāryopāsanaṁ é uma mente mais humilde, mais madura e aberta ao autoconhecimento.

     A relação com o professor é assim resumida pelo Svāmi Paramārthānanda:
"encontrar o guru, reverenciá-lo, escutar o ensinamento, internalizar o
ensinamento e depois desapegar-se do guru". Este é o processo.

 


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