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Practice

Agnisāra dhauti
Miguel Homem
12-09-2017


Agnisāra dhauti, também conhecido como agnisāra kriyā, é uma técnica do haṭha yoga que proporciona aos órgãos abdominais o exercício e massagem necessários para que eles cumpram as suas funções de forma saudável. Esta prática activa agni, o elemento fogo, no corpo, que no sentido mais denso é equiparado ao processo digestivo, também chamado de fogo digestivo. Diz-se no yoga que uma digestão saudável é o primeiro passo para a saúde, na medida em que o corpo não acumula ama (que por agora traduziremos como toxinas). Para isso, então, precisamos de órgãos abdominais saudáveis para que o poder digestivo do corpo seja estimulado. É este o propósito do agnisāra. Ele não só purifica e fortalece os órgãos abdominais do sistema digestivo como os demais órgãos abdominais.
Para fazer agnisāra kriyā e depois nauli kriyā é necessário aprender primeiro a fazer uḍḍīyāna kriyā.

A melhor forma de aprender esta técnica é:
a) Ficamos de pé, os pés afastados à largura das ancas ou um pouco mais, os joelhos levemente flectidos, o tronco ligeiramente flectido e as mãos apoiadas acima dos joelhos.
b) A posição das mãos é importante para suportar a acção a fazer em seguida, mas também para fixar os músculos do pescoço e ombros.
c) Os dedos das mãos voltados para dentro, para fora ou para baixo conforme o que funcionar melhor.
d) Expiramos completamente, usando bem a musculatura abdominal para esvaziar bem os pulmões.
e) Retemos sem ar.
f) Fazemos uma falsa inspiração, ou seja, fazemos o movimento do peito e costelas como se fossemos inspirar, mas não deixamos o ar entrar. Ao fazê-lo, o abdómen tem de estar relaxado.
g) O diafragma sobe e o abdómen é sugado para dentro em direcção à coluna e para cima desenhando o contorno das costelas.
h) Esta sucção é mantida o tempo que se puder permanecer sem inspirar.
i) Para desfazer o uḍḍīyāna relaxa-se o peito, deixa-se o abdómen voltar ao normal de, forma passiva, à medida que soltamos a garganta e inspiramos lentamente. Isto é um ciclo.
j) Deixamos a respiração voltar ao normal e depois repetimos.

Uma primeira nota para a dita inspiração simulada ou falsa. Ao simularmos o acto de inspirar, mesmo o ar não entrando nos pulmões, o peito expande-se como numa inspiração normal. Por força disso, existe uma aumento súbito da pressão negativa na cavidade torácica que cria a sucção do diafragma.
Um mínimo de 3 ciclos com a duração de 10 segundos cada é sugerido.
É importante lembrar que este uḍḍīyāna é diferente de outras formas de uḍḍīyāna usados quer no āsana quer no prāṇāyāma e é por isso que em vez de lhe chamarmos uḍḍīyāna bandha chamámos-lhe uḍḍīyāna kriyā. Em boa verdade, no prāṇāyāma, esta forma de uḍḍīyāna só seria aplicada na retenção sem ar.
Uma característica peculiar desta técnica, devida ao movimento do diafragma, é o alongamento da parte inferior da coluna lombar associado ao ângulo assumido pelo sacro devido à posição do corpo. Em conjunto, esta combinação revela-se terapêutica para quem tem problemas na região lombar e é sentida como um alívio nessa zona. Não só alonga a região lombar como fortalece e tonifica a região abdominal eliminando o excesso de gordura na região.

A técnica do agnisāra pode ser feita em pé ou num āsana sentado:

a) Começamos com uma respiração profunda
b) Expiramos completamente, esvaziando os pulmões, sugando o abdómen para dentro e para cima, fazendo o uḍḍīyāna kriyā.
c) Retendo a respiração, soltamos o abdómen e recolhemos.
d) Repetimos este processo sucessivamente e de forma rápida o tempo que a retenção sem ar nos permitir.
e) Inspiramos. Isto é um ciclo de agnisāra.
f) Deixamos a respiração voltar ao normal e depois repetimos.

Progressivamente, o tempo de retenção e o número de repetições devem ser aumentados. A Gheraṇḍa Saṁhitā aponta a 100 repetições num ciclo, mas 15 parece-nos um bom número a apontar de início.
Um erro comum é desleixar-se a profundidade do movimento em proveito de um maior número de repetições. Para que a técnica produza o seu efeito é importante que o movimento não seja superficial e portanto o aumento do número de repetições não pode prejudicar um movimento amplo e profundo.
Sugere-se um mínimo de 3 ciclos. O agnisāra dhauti deve ser feito com o estômago e intestinos vazios. Aqueles que têm tensão alta ou problemas cardíacos devem ter cautela e os que têm úlcera ou hérnia abdominal (do hiato ou inguinal) devem abster-se. O bom senso já nos diz que grávidas não devem fazer esta kriyā. Estas cautelas valem também para o nauli.
Os demais só têm a beneficiar com esta prática. Ela fortalece a musculatura abdominal e é dos poucos exercícios que tonifica o transverso abdominal. O sistema digestivo também é estimulado, o que permite uma melhor assimilação dos nutrientes.

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