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Ensinamento

Yoga-Sútras, Sámadhi Páda, Sútra 3 e 4
Miguel Homem
12-12-2009


tadá drashtuh svarupe'vasthánam || 3||
Então, aquele que vê estabelece-se na sua própria natureza

             Comentário de Vyása:

             “Quando o espectro da mente está naquele estado, não contendo objectos, qual é a natureza de Purusha que ordinariamente é identificado com as apreensões de buddhi?

            [sútra] Então, aquele que vê estabelece-se na sua própria natureza

            Então chiti-shakti estabelece-se na sua própria natureza como em kaivalya (isolamento). Quando o espectro da mente está envolvido com o mundo externo (vyuttána chitta), então ela não aparenta ser assim, apesar de o ser.”

Purusha é o mesmo que chiti shakti (feminino), princípio de consciência, poder da consciência.

            Este sútra continua a definição do Yoga e deve, a par do seguinte, ser considerado um complemento do sútra I,2.  Lembre-se Purusha e buddhi e o exemplo do cristal e da flor.

våttisärüpyam itaratra || 4||
Nos outros estados existe uma identificação com os vrttis.

             Comentário de Vyása:

             “Então como? Porque então os objectos são apresentados à visão (do Purusha),

            [sútra:] Nos outros estados existe uma identificação com os vrttis.

            Purusha parece não ter nenhum modo (vrtti) distinto dos vrttis do espectro da mente que surgem no vyutthána. O espectro da mente é como um íman. Ele gera benefícios e serviço pela sua mera presença e proximidade. Sendo um objecto da visão (do Purusha), torna-se propriedade e posse (svam) do Purusha, que é o seu soberano e proprietário (svámin). Por isso, a causa da cognição dos vrttis do espectro da mente pelo Purusha resulta de uma conexão sem começo. Como o sútra (de Pañchashikha) refere:

            Apenas existe uma percepção; Apenas a cognição reflexiva (khyáti) é a percepção.”

         

Buddhi apresenta os objectos na forma de vrttis à vista de chiti-shakti e aparece como se a existência ou modo de ser de chiti-shakti (Purusha) numa situação de vyutthána não seja mais do que a dos vrittis, sendo completamente indistinta deles. Como Pañchashikha, um dos antigos fundadores do Samkhya disse:             Buddhi e Purusha, aparentam então ter uma única percepção, que é a sua única cognição reflexiva, como se ambos fossem um.           

Yoga é a não identificação com os vrttis da mente.

Nos outros estados (que não o asamprajñáta samádhi) existe uma identificação com os vrttis. Ou seja, o que o Yoga procura é a não identificação com os vrttis. Com este sútra completamos a definição do Yoga, Yoga é a não identificação com os vrttis da mente. Dir-se-á que é apenas mais uma definição, mas é uma definição que traça um rumo de prática. O yogí procura a não identificação com os conteúdos psico-mentais porque sabe que eles não correspondem à sua verdadeira natureza (svarúpa), sabe que eles surgem, mas não é ele o agente produtor (kartá) nem aquele que os experimenta (bhoktá). Essas experiências pertencem apenas aos produtos de evolução da Prakrti.

Através do comentário de Vyása compreendemos melhor a relação de identidade existente entre Purusha e buddhi no ser humano não realizado no discernimento entre ambos. Buddhi é uma evolução, de natureza material, da Prakrti, e sendo iluminado pela luz da consciência (de Purusha) que naquele se reflecte, toma-se por sendo o Purusha, o princípio de consciência. O próprio Patañjali referir-se-á à questão no sútra II, 6:

drgdarshanashaktyorekátmatevásmitá || 6||
asmita (sentido de eu) é identificar aquele que vê com o poder da visão

Ou seja, a identificação com buddhi como se fosse o Purusha. E terminando com a Bhagavad Gítá, XIII, 29:

prakrtyaiva ca karmáni kriyamánáni sarvashah |
yah pashyati tathátmánamakartáram sa pashyati || 29||

“Aquele que vê os actos serem realizados apenas através de Prakrti, vê o átman como não agindo de todo.”


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