Sento-me numa posição confortável, coloco as mãos num gesto que me seja igualmente cómodo, entrelaçando os dedos com os polegares a tocarem-se por exemplo, ou pousando as mãos sobre os joelhos.
Permaneço descontraído, deixo a agenda do dia lá fora. O que me é externo permanece externo.
Olho para o mundo de forma objectiva. O mundo é como é.
Em relação a objectos como o sol, a lua, as estrelas, os planetas, as montanhas, o oceano, os animais e as árvores, nada me incomoda neles. Eles são como são e não quero mudá-los.
Em relação às pessoas de diferentes países, raças ou culturas sou igualmente objectiva. Não tenho preconceitos, elas nao me incomodam. Se tenho algum preconceito de cor, raça ou religião, afasto-o. É assim que essas pessoas são, não quero mudá-las.
Em relação às pessoas com as quais tenho algum tipo de ligação geralmente não sou tão objectivo. Mas elas não são diferentes das outras. O carinho e o conhecimento que tenho delas tornam-me muito exigente em relação a essas pessoas. Quero que elas se comportem da forma que eu considero ser adequada. Cada uma destas pessoas ( mãe, pai, marido, mulher, irmão, irmã, amigo, amiga, namorado, namorada ), cada uma delas tem o seu passado, o contexto. Se eu der um passo no sentido de reconhecer esse contexto, então estarei a ser objectivo. Cada uma destas pessoas tem o seu próprio passado. Não preciso de conhecer esse passado para perceber que ele existe e que condiciona o comportamento da pessoa. Mas se eu não der este passo, se eu não fizer este esforço para perceber o passdo da pessoa enquanto a causa do seu comportamento, não posso afastar as minhas exigências/expectativas em relação a essa pessoa.
A isto chamamos de mudança cognitiva. Reconhecer e tomar conhecimento do contexto de um determinado comportamento de uma pessoa é uma cognição. Esta mudança cognitiva torna-me objectivo.
Sou igualmente objectivo em relação ao meu corpo: à sual altura, cor, género, idade, saúde, aparência. É assim que este corpo é. Isto é cognitivo. É assim que este corpo é. Não me julgo com base no meu corpo. Olho para o meu corpo como um amigo íntimo que me foi dado. Foi-me dado para me ajudar e não para me trazer complexos, ansiedades ou medos. Da mesma forma que trataria um amigo trato este corpo, com cuidado e carinho. Posso ser compassivo em relação ao meu corpo corpo e senão isso, posso ser objectivo em relação a ele. Percorro o corpo mentalmente desde o topo da cabeça até à ponta dos pés. Visualizo cada parte do meu corpo e aceito-o como ele é.
Reconheço a sensação do tacto. Partes do corpo tocam o chão. Reconheço a sensação do tacto. Se estou de pernas cruzadas, as pernas tocam-se, provocando a sensação do tacto que reconheço. As mãos tocam o colo ou os joelhos. Reconheço esta sensação do tacto. Os dedos tocam-se. Reconheço essa sensação. Os lábios tocam-se. As pálpebras tocam-se. Pálpebras do olho direito e do olho esquerdo. Reconheço a sensação do tacto.
De seguida reconheço, ainda através da sensação do tacto, a minha própria respiração – inspiração e expiração. Observo a entrada e a saída do ar, sem interferir.
Enquanto observo aquilo que me é sugerido a minha mente está tranquila. Esta observação não é uma acção, ela acontece de forma natural. Tal como o sol ilumina os objectos sem qualquer motivo para fazê-lo, também eu testemunho a minha mente quando esta está pensar, quando não está a pensar. Sou testemunha da minha mente.
Esta pessoa consciente que sou está relaxada, naturalmente relaxada.
Esta pessoa tem vontade, a vontade é um privilégio.Tem desejos, os desejos são um privilégio. Tem recordações, recordar é um privilégio.Tem emoções, emocionar-se é um privilégio.
O conhecimento toma lugar quando existe uma conexão entre o meio de conhecimento e o objecto. Através deste meio fico conectada com o objecto, como estas palavras que agora ouço. Estou conectada com o meio de audição – ouvidos, que são o objecto para ouvir.
A audição acontece.
OM OM OM OM OM
Concentro-me agora no intervalo que surge entre cada som.
Om Om Om Om Om Om Om Om Om Om Om Om Om
A audição acontece.
Esta pessoa consciente que sou está confortável sendo apenas quem é.
Sem agir, estou confortável. Agindo estou confortável.
Ouvindo estou confortável. No silêncio estou confortável.
Conhecendo estou confortável.
Sendo apenas quem sou estou confortável.
Estas meditações foram induzidas por Swami Dayananda e traduzidas e transcritas por Ana Sereno. |