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Ensinamento

O que é o anandamayakosha?
Miguel Homem
12-12-2010


Existe uma confusão grande sobre o que sejam os koshas, e em particular sobre o que seja o ánandamayakosha. Muitos acreditam que seja a "camada do Ser ou alma" e que seja preciso descartar as restantes camadas para encontrar o que somos.
Procura-se de seguida explicar o sentido do nome dado a este kosha partindo-se da análise do Tattvabodha de Shankara.


ánandamayah kah ?
"O que é a bainha da felicidade?"
evameva káranasharírabhútávidyásthamalinasattvam
priyádivrttisahitam sat ánandamayah koshah |
"A bainha da felicidade, com as modificações mentais, como priyá, etc., é estabelecida na ignorância, que está na forma do corpo causal, de sattva impuro."


Ánandamayakosha é outro nome para o kárana sharíra, o corpo causal. O texto dá uma definição técnica deste kosha. A definição é dada baseada na experiência do sono, o que se entende porque como vimos, no sushupti avasthá o meio dominante é o kárana sharíra, portanto o ánandamayakosha.
No sono duas experiências aparecem descritas. A primeira é ignorância, "eu não sei nada", aham kimapi na jánámi, ignorância até de si mesmo. A segunda experiência concomitante é sukham, felicidade.


Posto isto, a tradição ensina que tudo na manifestação, incluindo a mente está permeado por três qualidades, os três gunas. Cada guna é responsável por um tipo de experiência da mente:
tamas - ignorância, inércia, torpor;
rajas - extrema actividade, agitação, infelicidade;
sattva - serenidade, conhecimento, felicidade, despertar.

No sono profundo existe alguma felicidade, portanto temos de aceitar que o sattva guna está presente. Ora, se sattva está presente, o conhecimento também deveria estar presente. No entanto, não está presente porque sattva está parcialmente coberto por tamas guna que se reconhece pela presença da ignorância. Assim, o sushupti avasthá ou kárana sharíra ou ánandamayakosha é uma mistura de sattva e tamas. Este sattva impuro manchado por tamas é chamado de malina sattvam.

Por força de tamas existe uma graduação de sattva e por força dessa graduação existe uma graduação da profundidade e felicidade experimentadas no sono profundo. Uma vez que ánanda é experimentada, o kárana sharíra recebe o nome de ánandamayakosha.
Ali - no ánandamayakosha, no kárana sharíra e no sushupti avasthá - não sofremos. É a experiência de felicidade, mas sem a percepção de que "eu sou a felicidade". A felicidade existe, mas a ignorância não permite que haja identificação com essa plenitude.

O texto refere uma graduação na felicidade experimentada durante o sono, priyá, moda, pramoda. Esta graduação não pode ser entendida através do sono por causa da ignorância por isso temos de a entender com exemplos do estado acordado. A experiência de felicidade (ánanda) possui três graus, partindo da menor para a maior: priyá é a do pensamento, quando se pensa em algo agradável e isso traz uma satisfação. Outro tipo de felicidade acontece quando se percebe que esse pensamento agradável se vai concretizar, que existe essa possibilidade de realização (moda). E, quando finalmente isso ocorre e é usufruído - pramoda - é felicidade total, não dependente do objecto, porque se realiza aquela expectativa de se unir ao objecto desejado. Nesse momento libertamo-nos de toda a expectativa mental, desejos e projecções, e, por um momento, sentimo-nos bem connosco e relaxamos na nossa própria natureza (ánanda). Sucede que aqueles três passos são permeados pela ignorância e por isso o objecto (e não a Consciência) é tomado como a fonte da plenitude experimentada.


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