Stiram Sukham asana, a postura firme e confortável.Quando nos sentamos de forma adequada, podemos permanecer sentados confortavelmnete sem mudar de posição.
Costas direitas, as mãos no colo, os dedos entrelaçados, o olhar em frente. A cabeça tende a tombar. É importante mantê-la direita. Estando conscientes disso, sempre que ela tende a tombar voltamos a trazê-la à posição inicial.
Olhos fechados. É possível meditar de olhos abertos mas, inicialmente, é bom fechar os olhos. Ao fechar os olhos as pálpebras superiores tocam as pálpebras inferiores de forma suave. Abram os olhos e fechem-nos de forma suave. Numa imagem ou estátua de Budha podemos ver a suavidade no olhar. Não há rugas nas pálpebras, indicando que não há qualquer tensão.
Começamos por visualizar objectos, pessoas e situações com as quais nos relacionamos, enquanto pessoa não exigente, apreciadora e objectiva. Através deste processo vejo-me de forma objectiva. Enquanto visualizo as montanhas vejo-me como alguém que aprecia, alguém objectivo que não exige. Um rio, árvores, pássaros, pessoas em geral… Vejo as pessoas como elas são. Brancas, negras, vejo-as todas exactamente como são. As pessoas mais próximas: o meu pai, tenho carinho por ele. Este carinho implica um certo desejo. Também quero ser acarinhado, logo existe o desejo. Quando não realizado este desejo transforma-se em impotência, frustração. Enquanto fonte de frustração o meu pai não está só fora de mim, como está dentro de mim a incomodar-me. Amor e carinho não me incomodam. Mas a frustração em si é uma fonte de tensão. Concedendo ao meu pai liberdade, quer ele esteja vivo ou não, para ser o que era, o que é, estou a conceder-lhe no meu espaço, no meu coração, um lugar que já não é mais uma fonte de frustração. É assim que ele era, que ele é, na minha percepção. Isto é conceder liberdade. É assim que a minha mãe é, ou era segundo a minha percepção. A minha percepção pode estar errada. Dizendo é assim que ela é ou era concedo-lhe liberdade. Mulher, amigo, uma pessoa insignificante na minha vida, visualizo e concedo-lhe liberdade, reconhecendo é assim que esta pessoa é na minha percepção.
Trago agora a atenção para o meu próprio corpo. Visualizo-o parte por parte e no processo torno-me uma testemunha do meu copro. Visualizo o topo da minha cabeça, testa, sobrancelhas, pálpebras, nariz, lábios, queixo. Orelha direita, face direita, orelha esquerda, face esquerda. Ombro direito, mão direita, ombro esquerdo, mão esquerda, peito, abdomen, costas, lado direito, lado esquerdo. Coxa direita, joelho, perna, tornozelo, pé direito. Coxa esquerda, joelho, perna, tornozelo, pé esquerdo.
Do interior vejo este corpo como uma estátua viva que respira.
No passo seguinte observo a minha respiração, sem interferir com o ritmo, observo a entrada e a saída do ar. Enquanto inspiro observo até onde posso, enquanto expiro observo. Através da sensação do tacto posso observar a entrada e a saída do ar. Se me apercebo que enquanto observo a minha respiração pára, neste caso, tenho de inspirar e expirar conscientemente, sem qualquer problema. Usando esta técnica de observação da respiração, posso compôr a minha respiração, quando há ansiedade, medo, posso recompor a respiração.
Observar é uma parte de mim. O observador sou eu.
Enquanto observo, o processo involuntário torna-se num processo consciente. Tenho uma ocupação que não envolve nada mais excepto eu próprio.
O próximo passo é apreciar a sensação do tacto. Torno-me consciente da sensação do tacto provocada pelas partes do meu copro que tocam o chão. Visualizo essas partes que tocam o chão e reconheço a sensação do tacto. As pernas tocam-se, especialmente quando nos sentamos de pernas cruzadas. As mãos tocam o colo. Reconheço a sensação do tacto. Os dedos tocam-se. Polegares tocam-se. Os lábios tocam-se. As pálpebras do olho direito tocam-se e reconheço a sensação do tacto. As pálpebras do olho direito tocam-se. Enquanto pessoa consciente, com a minha mente aprecio a sensação do tacto. Antes disso observei o processo da respiração, antes observei o meu corpo, e antes ainda observei o mundo externo exactamente como ele é.
Tudo isto foi feito com o auxílio da minha mente. Agora observo a minha mente. (pausa)
Torno-me testemunha da minha própria mente. (pausa)
O observador sou eu. O significado da palavra EU. Este observador é aquele que medita. Este observador é aquele que desempenha diferentes papéis – pai, mãe, filho, filha. Diferentes papéis. Esta pessoa simples e consciente, enquanto indivíduo, relaciona-se com o Todo. Esta relação se é puramente mental é meditação. Antes de meditar, primeiro torno-me familiar com este ser que medita. Basicamente sou uma pessoa cognitiva. Assim sendo, encontro-me meste momento a ouvir estas palavras. A minha vontade permanece suspensa. A minha mente está desperta, os ouvidos conseguem ouvir e há algo para ser ouvido. A audição acontece.
OM
A audição acontece.
He Govinda He Govinda.
A audição acontece.
Estou desperto para o que acontece agora, agora - OM OM
He Govinda, He Gopala, He Govinda, He Gopala – agora agora
He Govinda, He Gopala, He Govinda, He Gopala, He Govinda, He Gopala, …
Se estou confortável sendo eu próprio, reconheço isso. Estou consfortável sendo apenas quem sou.
Vontade é um privilégio.
Desejo é um privlégio.
Pensar
Recordar
Relacionar-me
Fazer
Ver
Ouvi
Tudo isto são privilégios que me foram dados.
Sendo privilégios estou confortável usufruindo deles, da mesma forma que quando não uso nenhum deles, sendo apenas eu próprio estou confortável também. Não preciso de nenhum conforto vindo do exterior.
He Govinda, he Gopala, He Govinda, He Gopala, He Govinda, He Gopala…
Om Shanti Shanti Shantih
Estas meditações foram induzidas por Swami Dayananda e traduzidas e transcritas por Ana Sereno.
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