Meditação na Raiva
Um problema que todos nós enfrentamos
é a raiva. Os problemas externos que temos na nossa vida vão e vêm e são,
geralmente, temporários. Mas a raiva é um problema interno que permanece
connosco o tempo todo, até morrermos. A raiva é um problema sério, porque as
suas consequências negativas são muitas. Não só a pessoa que tem raiva sofre,
como também sofrem as vítimas dessa raiva. E este sofrimento não é temporário,
ele prolonga-se por muito tempo. O sofrimento imobiliza-nos e não somos capazes
de funcionar por um longo período de tempo. Por causa da raiva, o ódio
desenvolve-se e o ódio pode quebrar até as relações mais próximas. Relações e
amizades são desenvolvidas ao longo de muitos anos e tudo pode ser destruído por
apenas um instante de raiva. Uma vez que uma relação é quebrada é quase
impossível de consertar. É muito difícil voltar atrás. Quando estamos com
raiva, falamos e agimos sempre de forma impensada, sem qualquer discriminação,
e frequentemente, acabamos por arrepender-nos das nossas palavras e
comportamentos raivosos. Para além de tudo, a raiva perturba um ambiente de paz
e, assim sendo, impede o crescimento espiritual. Claramente a raiva é um
inimigo poderoso dentro de nós.
A raiva também é um sinal de fraqueza.
Reflecte a incapacidade da mente enfrentar situações difíceis. Então, a raiva é
um sintoma, um sintoma de uma fraqueza da mente, que não é capaz de enfrentar
situações difíceis. Se eu quero acabar com a minha raiva, primeiro, tenho de
reconhecer este problema e aceitar a minha fraqueza. Tenho de reconhecer a
minha fraqueza. Tenho de admitir a minha incapacidade. Infelizmente, a maior
parte das vezes, justifico a minha raiva culpando os outros, os seus
comportamentos, as suas palavras. Quando justifico a minha fraqueza estou a
fechar a porta à possibilidade de melhorar e de crescer a partir dessa
fraqueza.
Uma vez que admito a minha fraqueza,
posso, gradualmente, fortalecer a mente através de sankalpashakti – o poder de auto-sugestão. Vejo-me como uma pessoa
forte, capaz de enfrentar as situações sem ser perturbada. Vejo-me como uma
pessoa que tem kshamá, a capacidade
de perdoar. Kshamá é a cura para a
raiva e sinto-me como um kshánta. Sou
forte. Não me deixo irritar pelas situações. Não me sinto provocado pelas
pessoas. Não tenho qualquer controlo sobre o comportamento das pessoas. Mas
posso escolher ser calmo. Ser sempre calmo. Não me sinto provocado, não me
irrito.
Shántah
Aham
Shántah
Aham
Shántah
Aham
Shántoham
Shántoham
Shántoham
Meditação na Aceitação
Vamos fazer uma meditação em valores.
Nesta meditação tomamos as virtudes
importantes mencionadas nas escrituras e alongamo-nos sobre elas. Escolho uma
virtude e vejo como é importante para uma vida espiritual e vejo-me dotado
dessa virtude, quer a tenha, quer não a tenha... vejo-me com essa virtude.
Primeiro vamos escolher o valor da
aceitação, a aceitação de todas as situações sem escolha, situações sobre as
quais não temos nenhum controle. Aprendo a aceitá-las...
Por exemplo, o que quer que tenha
acontecido no passado, eu não posso mudar. O meu nascimento é um facto. A
família onde nasci não posso mudar, os meus pais... a educação que tivemos... até
a este minuto, aquilo por que passei não posso mudar. Nem mesmo Deus pode mudar
o meu passado. Assim, aceito o meu passado. E por aceitação, o que quero dizer
é: não tenho remorsos, arrependimentos, amargura, ódio em relação a ninguém,
nenhum complexo de inferioridade, nenhuma frustração. O que quer que tenha
acontecido, eu aceito. Eu precisei daquelas experiências para o meu crescimento
espiritual. Aprendo com elas, mas não me queixo. Uma mente que aceita é uma
mente que cresce. Eu estou bem, eu estou em paz, eu estou relaxado.
Shántoham
Shántoham
Shántoham
(silêncio)
Estas
meditações foram induzidas por Swami Paramarthanda e traduzidas e transcritas
por Ana
Sereno e Miguel Homem. |